

“O Ano de 1812, abertura festiva em Mi bemol maior, opus 49” é um poema sinfônico do compositor russo Tchaikovsky escrito em 1880, em comemoração à inauguração da Catedral de Cristo Salvador, em Moscou. A catedral, por sua vez, foi construída para comemorar a vitória russa sobre as tropas de Napoleão na batalha de Borodino, em 7 de setembro de 1812. Infelizmente a Abertura 1812 não pode ser executada na inauguração da catedral naquele ano, principalmente pelo atraso do término da construção e por conta do assassinato do Imperador Alexandre II, em 13 de março de 1881. Assim, sua première foi em 20 de agosto de 1882, na “All-Russian Industry and Art Exhibition”.
Em outubro de 1880, a pedido de seu amigo Nikolai Rubinstein, Tchaikovsky começou a compor o trabalho e completou-o seis semanas depois. Grandes planos foram feitos para a première da peça. Os organizadores de previam sua execução na praça, em frente a recém-concluída Catedral de Cristo Salvador com a adição de grande conjunto de metais para complementar a orquestra. Os sinos da catedral, assim como os sinos de outras igrejas do centro de Moscou, tocariam juntos. Até mesmo canhões com acionamento com fio elétrico foram planejados para a execução. Infelizmente, esse grandioso concerto nunca se materializou na época, em grande parte, por conta de sua produção um tanto exagerada.
Ideias composicionais
Quando mais de 500.000 soldados franceses, com seus mais de 1.000 canhões e artilharia, começaram a marchar em direção a Moscou, o Santo Sínodo da Rússia (o equivalente ao Colégio de Cardeais da Igreja Apostólica Romana) chamou o povo russo a rezar por segurança, paz e libertação, sabendo muito bem que o Exército Imperial da Rússia era inferior tanto em número quanto em armamento. Tchaikovsky representa isso na introdução da peça, executando o hino ortodoxo “Troparion”. À medida que as tensões aumentam, ele emprega uma combinação de temas pastorais e marciais.
As forças francesas avançam no território russo e o Hino Nacional Francês (La Marseillaise) é ouvido mais proeminentemente. Parece que os franceses são invencíveis, pelo modo como seu hino sobrecarrega toda a orquestra. O Czar da Rússia chama seu povo para se aventurar a defender seu país e, à medida que o povo russo começa a deixar suas casas e se juntar a seus companheiros soldados, melodias folclóricas russas são executadas. Os temas franceses e russos vão e voltam e isso leva à Batalha de Borodino, o ponto de virada da guerra. Tchaikovsky usa as explosões de canhões e representa a retirada dos franceses com uma grande escala descendente.
A celebração da vitória da Rússia é representada por uma interação grandiosa entre o hino ortodoxo apresentado no início da peça e “Deus salve o Czar” com sinos e o uso de metais em fortíssimo e, por fim, explosões de canhões.
Algumas curiosidades
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La Marseillaise não era o hino da França na época do império de Napoleão. Nessa época havia a música “Veillons au salut de l’Empire“, como hino não oficial.
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Embora “Deus salve o czar!” fosse o hino nacional russo no tempo de Tchaikovsky, a Rússia não tinha nenhum hino oficial até 1815.
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Alguns americanos acreditam que a peça, na verdade, representa a vitória dos EUA contra o Império Britânico durante a Guerra de 1812. Um total equivoco.
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Em 2009, um anúncio para Vodafone (empresa de telecomunicações) na Nova Zelândia recria o Abertura 1812 usando os ringtones de 1000 telefones celulares.